Tenho uma atenção exacerbada quando o assunto é datas. Não que seja uma fixação sem porquê, mas apenas algo que que guardo delicadamente na memória por motivos diversos. Os dias relevantes que passam deixam uma marca associada sentimento/época e são arquivados. Quanto dá saudade é só procurá-los para vivê-los como um quase-como-se-fosse-hoje-mas-não-é. Pena que a memória não é seletiva, antes fosse. Com isso às vezes vem a culpa ou o mal pressentimento. Dias ruins também são guardados. E quando a data deles chega surge um nó na garganta. Tudo o que tinha pra ser um dia comum passa a ser um reflexivo. Com ênfase no reflexivo. Isso desde que trauma, antes muito grande, chegue um dia a ser banal. Parece óbvio que tudo em excesso fica banalizado, mas pouco se pensa a respeito. Dores aparentemente eternas são atenuadas. A música favorita ouvida infinitas vezes enjoa. O erro imperdoável feito novamente parece perder sua gravidade para quem o cometeu. Juras de amor se perdem. A gente se exime da culpa. Por outro lado as coisas boas quando pegas da gaveta do arquivo imaginário deixa um "quê" de nostalgia. Engraçado que o sentimento infinitamente bom da lembrança se mescla com a saudade, que nem sempre é boa com os pobres mortais. A data se aproxima, a maior prova de que o ciclo foi cumprido. A indagação do que estará acontecendo futuramente quando se recorda do momento presente surge. E a vida não permite ensaios.
palatável melodia
Há 15 anos