Incrível como aquela conversa me perturba. Engraçado como ela acontece tão casual e frequentemente. Perder a noção do tempo com o desenrolar das palavras e ser surpreendida com pássaros anunciando o clarão lá fora. Às vezes ter a perfeita noção do tempo, mas dar-se por desentendidos. Não há compromissos nem planos maiores que aquele momento. Você cheios de dedos pra dizer o óbvio; e eu tento, do meu modo confuso, provar pra mim mesma de que as afirmações não são tão certeiras assim. As suposições como sua fiel companheira. Você ri. As palavras metuculosamente usadas. Cada vírgula e expressão são cuidadosamente calculados. O medo de uma falsa interpretação tem grande peso agora. O mesmo assunto nunca fica batido pois desonhece o que vem a ser ouvido sequencialmente a respeito da mesma coisa . Aí a ansiedade e talvez o medo. Esse medo é positivo porque se têm cuidado. Falta tanta coisa pra dizer que fica pelo mal dito. A sensação boba de se contentar por tão pouco. O aperto no peito ora bom, ora ruim. E tudo que a gente sabe o que ele representa. Conversar até a exaustão que causa a embriaguez da voz e atropelar as idéias, que a essa altura não fazem tanta diferença quais são. E quanto deitar, vir a sensação elétrica e pulsante de todas as idéias que, reorganizadas, passam a fazer todo o sentido e justificam as expressões soltas. Melhor de tudo é saber que a conversa foi só mais uma, mas acima de tudo foi aquela.
palatável melodia
Há 15 anos