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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Como se fosse a única

Incrível como aquela conversa me perturba. Engraçado como ela acontece tão casual e frequentemente. Perder a noção do tempo com o desenrolar das palavras e ser surpreendida com pássaros anunciando o clarão lá fora. Às vezes ter a perfeita noção do tempo, mas dar-se por desentendidos. Não há compromissos nem planos maiores que aquele momento. Você cheios de dedos pra dizer o óbvio; e eu tento, do meu modo confuso, provar pra mim mesma de que as afirmações não são tão certeiras assim. As suposições como sua fiel companheira. Você ri. As palavras metuculosamente usadas. Cada vírgula e expressão são cuidadosamente calculados. O medo de uma falsa interpretação tem grande peso agora. O mesmo assunto nunca fica batido pois desonhece o que vem a ser ouvido sequencialmente a respeito da mesma coisa . Aí a ansiedade e talvez o medo. Esse medo é positivo porque se têm cuidado. Falta tanta coisa pra dizer que fica pelo mal dito. A sensação boba de se contentar por tão pouco. O aperto no peito ora bom, ora ruim. E tudo que a gente sabe o que ele representa. Conversar até a exaustão que causa a embriaguez da voz e atropelar as idéias, que a essa altura não fazem tanta diferença quais são. E quanto deitar, vir a sensação elétrica e pulsante de todas as idéias que, reorganizadas, passam a fazer todo o sentido e justificam as expressões soltas. Melhor de tudo é saber que a conversa foi só mais uma, mas acima de tudo foi aquela.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Morangos Mofados

Depois que se passa a conviver com uma distância, na sua ausência quer-se sugar tudo. Viver de uma vez só. Se embriagar do lugar, de hábitos e de pessoas. Até o pouco usual é de grande relevância. Quer-se fazer o que se fazia e o que não fazia nessa luta contra o relógio. Numa dessas alterações programada de rotina, é encontrado um rosto conhecido, no entanto visto apenas uma vez. Ao contrário daquele encontro anterior, de vista grossa e relance, este indaga. Não pelo rosto ou pela pessoa, mas por ter deixado um detalhe tão fundamental ter passado despercebido pela memória fotográfica. Ele tinha olhos caramelo e amendoados. E isso bastava. Como não lembrava? Aliás, como não tinha visto? Porque se tivesse visto lembraria ao certo. A sensação de que aqueles olhos tinham brotado a partir da segunda vez que os dois se encontraram a atormentava. Um turbilhão de pensamentos passou a ocupar a mente antes vazia. A sensação de desconforto subseqüente faz a situação ser mencionada a quem a acompanhava sem saber. A resposta foi ainda mais surpreendente do que o caso ter escapado das idéias pela boca. “Morangos Mofados!”. Morangos mofados?! Agora fica a dúvida do que aquela frase que parecia tão esclarecedora ao locutor e tão sem sentido pro ouvinte queria dizer. “Morangos Mofados sim! Porque depois que se vive uma experiência marcante e forte nada mais é visto da mesma forma. Pouco importava se antes tivesse olhos arregalados, redondos ou pequenos; azuis, ou castanhos. Importa que agora, pra você, ele tem os olhos mel. E o motivo que te fez enxergá-los. E isso te basta”.