CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Coisas que foram ditas

O retorno da viagem costuma ser solitário e pensativo. A ida, em geral tranquila e cheia de expectativas se contrasta com a a volta pensativa e agonizante. Ao tomar o assento é desencadeada uma revisão tanto da estada quanto da vida. Uma situação inconsciente e inevitável, muitas vezes desconfortável mas nem por isso deixa de ser curiosa. No escuro e no pico da atividade própria são lembrados os últimos dias junto à inquietação que eles trazem. Ele lá e ela cá. E tudo como sempre esteve, na inércia da situação. De repente aquela conversa de sete horas serve pra confundir e clarear tudo o que se passava até então. A essência parece a única verdade existente no mundo e a falta de sono entremeada a tudo isso evidencia os fatos, nos quais é quase impossível acreditar. Por que aceitam viver assim? O abismo entre os dois, que sempre fora seu calvário e salvação simultaneamente, já não era mais o mesmo. A incerteza sobre o outro e a consequente dedução da mentira conveniente, antes o escudo, caíra por terra. A conversa fora dolorosa e gratificante além de necessária, acima de todas as coisas. Fora o tempo em que evitava e culpava-se em saber a verdade, mascarando-a da melhor forma possível. Mas agora estava na sua frente e pouco importava o tempo em que ousou escondê-la de si e o tempo em que permaneceu intacta. O tempo cura. Mas o que não se deixou curar pairava a frente ora como ilusão ora como sonho. As suas eram boas reconfortantes; e a incerteza era boa. Fora cogitado a programação de um futuro distante que não sabiam se poderiam cumprir. Mas naquele momento era a coisa mais certa do universo. Ele se fora deixando com ela a dúvida do percurso que se dá a vida, ironizando a fuga mútua e relembrando a culpa que ela traz. Assim como deixou a certeza que se encontrariam novamente. Mais tarde do que gostariam, mas a tempo de continuarem suas descobertas. A resolução já tinha hora marcada.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Começou de súbito

É verdade que quis ser poupada dos cheiros e das preferências. Mas assim como evitei, os detalhes sórdidos e excessivos, eles apareceram antes do esperado e de uma vez. Excessivos porque o tormento que causam é indescritível, assim como a combinação entre eles não poderia ser mais peculiar. O perfume escolhido era o mesmo. O cúmulo da particulariedade. Saber que o que parece uma simples informação quando combinada com tantas outras, em doses homeopáticas ou não, carrega tanto peso. E este peso foi procurado. Outrora não, o próprio se fez presente...mas houve o instante de freá-lo. A curiosidade foi maior que tudo., mas no momento em que não há limites a gente se perde. A piedosa compaixão se converge em tudo, só não permanece o que era antes. Houve procura e não nego. Mas cansei de brincar de saber quem você é e tudo o que representa. Preferia não saber da existência, muito menos que se faz mais presente do que poderia. E acredito que a recíproca é verdadeira.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sabe como indagar

Sei que a causa de tanta desorientação são peculiaridades pontuais e listáveis. Desde a paixão por frio até aquelas mais intensas e remanescentes. O modo de ver a vida e principalmente as mudanças que ela traz como consequência e que se leva adiante como herança. Espera-se que peculariedades sejam únicas, é verdade, visto a simbologia que o termo carrega. No entanto, não garante exclusividade a quem as têm, o que foi descoberto às duras penas. O enfoque dos ínfimos detalhes, desde o mais próximo ao mais contrastante. A preocupação com os outros, os apelidos carinhosos e a banalização do horóscopo; já que, segundo você, tudo sabe sobre cancerianos e suas presivibilidades. Eu prefiro ater-me as diferenças, que ao repetir incessantemente convenço que são muitas. Mania de reticências com dois pontos e de titular textos com trechos musicais, da facilidade com as palavras, da utilização exacerbada do termo clichê (literalmente). Admira-se a forma cativante e o jeito que se permite pessoas continuarem na sua vida sem o concentimento delas, o que não merece ser glorificado mas nem por isso deixa de ser. Acima dos conflitos não-declarados estamos de acordo com velho conceito de que ninguém é responsável pelos sentimentos alheios. A causa do problema é estritamente seu dono que deixou as proporções consumi-lo. E reconhcer-se como causa do conflito é um começo, mas tem sido o começo de outro conflito.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Como você preferir

No começo achei tudo muito curioso. O desenrolar das suas vidas a partir de então. E, sem dúvida, o jeito que cada um resolveu lidar com isso. A dispardade de sensações e fases. A intensidade e duração dos fatos. Como o tempo passou pra você numa intensidade absurda. Enquanto pra ela talvez milênios não surgiriam efeito. Torci (em segredo) pra que vocês se resolvessem. A identificação ocorreu, sem dúvida, por conta das características em comum que outrora preferia ter livre-árbítrio sobre as mesmas. Descobrir esse combo problemático quando não se pode modificá-lo é cruel. A doação, o envolvimento a ponto de que não tem nada se fazer sobre. Só a vontade de nunca saber, ou a menos ter sabido a tempo. Sabido a tempo de ter dito não... ou a tempo de parar. A tempo de saber que somos diferentes pra podermos seguir em frente. Ou talvez que somos iguais e que fosse melhor nos pouparmos de nós mesmos, como ela mesma diz. O comportamento, a cor, as músicas e os filmes... e que me poupem dos cheiros e das preferências. Ou talvez eu me poupar de tudo isso. Porque já basta. Mas não o bastar de ser suficiente, e sim o de ser demais, extremamente exessivo e doentio. Afinidade acontece entre seres humanos, afinal. Um mesmo signo, um mesmo par de sapatos caramelo, um mesmo livro de cabeceira. E quando se chega ao ponto da afinidade ser tamanha a ponto de confundir-se? A ponto de sofrer e desejar de mal a morte e querer bem ao mesmo tempo?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Como se fosse a única

Incrível como aquela conversa me perturba. Engraçado como ela acontece tão casual e frequentemente. Perder a noção do tempo com o desenrolar das palavras e ser surpreendida com pássaros anunciando o clarão lá fora. Às vezes ter a perfeita noção do tempo, mas dar-se por desentendidos. Não há compromissos nem planos maiores que aquele momento. Você cheios de dedos pra dizer o óbvio; e eu tento, do meu modo confuso, provar pra mim mesma de que as afirmações não são tão certeiras assim. As suposições como sua fiel companheira. Você ri. As palavras metuculosamente usadas. Cada vírgula e expressão são cuidadosamente calculados. O medo de uma falsa interpretação tem grande peso agora. O mesmo assunto nunca fica batido pois desonhece o que vem a ser ouvido sequencialmente a respeito da mesma coisa . Aí a ansiedade e talvez o medo. Esse medo é positivo porque se têm cuidado. Falta tanta coisa pra dizer que fica pelo mal dito. A sensação boba de se contentar por tão pouco. O aperto no peito ora bom, ora ruim. E tudo que a gente sabe o que ele representa. Conversar até a exaustão que causa a embriaguez da voz e atropelar as idéias, que a essa altura não fazem tanta diferença quais são. E quanto deitar, vir a sensação elétrica e pulsante de todas as idéias que, reorganizadas, passam a fazer todo o sentido e justificam as expressões soltas. Melhor de tudo é saber que a conversa foi só mais uma, mas acima de tudo foi aquela.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Morangos Mofados

Depois que se passa a conviver com uma distância, na sua ausência quer-se sugar tudo. Viver de uma vez só. Se embriagar do lugar, de hábitos e de pessoas. Até o pouco usual é de grande relevância. Quer-se fazer o que se fazia e o que não fazia nessa luta contra o relógio. Numa dessas alterações programada de rotina, é encontrado um rosto conhecido, no entanto visto apenas uma vez. Ao contrário daquele encontro anterior, de vista grossa e relance, este indaga. Não pelo rosto ou pela pessoa, mas por ter deixado um detalhe tão fundamental ter passado despercebido pela memória fotográfica. Ele tinha olhos caramelo e amendoados. E isso bastava. Como não lembrava? Aliás, como não tinha visto? Porque se tivesse visto lembraria ao certo. A sensação de que aqueles olhos tinham brotado a partir da segunda vez que os dois se encontraram a atormentava. Um turbilhão de pensamentos passou a ocupar a mente antes vazia. A sensação de desconforto subseqüente faz a situação ser mencionada a quem a acompanhava sem saber. A resposta foi ainda mais surpreendente do que o caso ter escapado das idéias pela boca. “Morangos Mofados!”. Morangos mofados?! Agora fica a dúvida do que aquela frase que parecia tão esclarecedora ao locutor e tão sem sentido pro ouvinte queria dizer. “Morangos Mofados sim! Porque depois que se vive uma experiência marcante e forte nada mais é visto da mesma forma. Pouco importava se antes tivesse olhos arregalados, redondos ou pequenos; azuis, ou castanhos. Importa que agora, pra você, ele tem os olhos mel. E o motivo que te fez enxergá-los. E isso te basta”.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Vértices e arestas

Todo lado tem seu lado
Eu sou o meu próprio lado
E posso viver ao lado
Do seu lado, que era meu.

E a descoberta de que a saudade era o lado de um dos lados da vida que vinha aí